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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Litografia de Almeida Garrett por Pedro Augusto Guglielmi
(
Biblioteca Nacional de Portugal).

 

 

JOÃO BAPTISTA DA SILVA LEITÃO DE ALMEIDA GARRETT

(  Portugal  )

João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett, mais tarde 1.º Visconde de Almeida Garrett (Porto, 4 de fevereiro de 1799 — Lisboa, 9 de dezembro de 1854), foi um escritor e dramaturgo romântico, orador, par do reino, ministro e secretário de estado honorário português.

 

Grande impulsionador do teatro em Portugal, uma das maiores figuras do romantismo português, foi ele quem propôs a edificação do Teatro Nacional de D. Maria II e a criação do Conservatório de Arte Dramática.

Ver a extensa biografia do poeta em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Almeida_Garrett

 

CLÁSSICOS JACKSON – VOLUME XXXIX  POESIA 2º. Volume. Seleção de ARY MESQUITA.  São Paulo, SP: W. M. Jacson Inc., 1952.  293 p.  encadernado.         14 x 21,5 cm         Ex. bib. Antonio Miranda

 

       CASCAIS

Acabava ali a terra
Nos derradeiros rochedos,
A deserta árida serra
Por entre os negros penedos
Só deixa viver mesquinho
Triste pinheiro maninho.

E os ventos despregados
Sopravam rijo na rama,
E os céus turvos, anuviados,
O mar que ali incessante bramia...
Tudo ali ere braveza
De selvagem natureza.

Aí, na quebra do monte,
Entre uns juncos mal medrados,
Seco o rio, seca a fonte,
Ervas e matos queimados,
Aí nessa bruta serra,
Aí foi um céu de terra.

Ali sós no mundo, sós,
Santo Deus! como vivemos!
Como éramos tudo nós
E de nada mais soubemos!
Como nos folgava a vida
De tudo o mais esquecida!

Que longos beijos sem fim,
Que falar dos olhos mudos!
Como eu tinha nela tudo,
Minha alma em sua razão,
Meu sangue em seu coração!

Os anjos naqueles dias
Contaram na eternidade:
Que essas horas fugidias,
Séculos na intensidade,
Por milênios marca Deus
Quando se dá aos que são seus.

Ai! sim foi a tragos largos,
Longos, fundos que a bebi
Do prazer a taça: — amargos
Depois... depois os senti
Os travos que ela deixou...
Mas como eu ninguém gozou.

Ninguém: que é preciso amar
Como eu amei — ser amado
Como eu fui; dar e tomar
De outro ser a quem se há dado,
Toda a razão, toda a vida
Que em nós se anula perdida.

Ai! ai! que pesados anos
Tardios depois vieram!
Oh! que letais desenganos,
Ramo a ramo, a deslizarem
A minha choça na serra,
Lá onde se acaba a terra!

Se o visse... não quero vê-lo
Aquele sítio encantado;
Certo estou não conhece-lo.
Tão outro estará mudado,
Mudado como eu, como ela,
Que a vejo sem conhece-la!

 


      ROSA E LÍRIO

A rosa
É formosa
Por que lhe chamam — flor
D´amor
Não sei.

A flor
Bem de amor
É o lírio;
Tem em no aroma, — dor
Na dor
O lírio.

Se o cheiro
É fagueiro
Na rosa.

Se é de beleza — mor
Primor
A rosa,

No lírio
O martírio
Que é meu
Pintado vejo?: — cor
E ardor
É o meu.

A rosa
É formosa,
bem sei...
E será de outros flor
D´amor..
Não sei.

*

 

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Página publicada em abril de 2023


 

 

 
 
 
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